Começo a escrever e me inspiro ao ler “Poesia” de Carlos Drummond de Andrade:
Gastei uma hora pensando um verso que
a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro inquieto, vivo.
Ele está cá dentro. E não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira
A leitura possibilita os movimentos das letras, das palavras, dos espaços e dos sinais e começa a formar uma imagem. Há um encontro das ideias e palavras, e surge um desenho com linhas ainda entrelaçadas.
Ao escrever, em alguns momentos, as palavra aparecem e somem…
Ao ouvir palavras doces e gentis, as emoções emergem.
Mas nem tudo é agradável e simples, a complexidade faz parte dos traços que dão forma ao texto.
É esclarecedor ouvir o que se escreve…
É reflexivo escrever o que se ouve…
Ao escrevermos, somos guiados pelas ideias, convicções e inquietações.
As mãos que se movimentam de um lado para o outro, vão à cabeça como se buscassem as palavras, que só aparecem quando nos sensibilizamos pela escuta.
Se, ao escrever, acreditarmos que somos guiados pela razão, então melhor não escrever! Escrever é uma ação sensível do coração.
Os encontros, os olhares, o exercício de escuta e escrita tornam as pessoas mais sensiveis. A possibilidade de ouvir o outro e a nos mesmos nos faz desvelar as palavras e o texto.
A partir da sensibilidade dos encontros, faço um convite à escuta e escrita.
O que é ser mãe, pai ou educador?
Linda Derviche Blaj | Diretora da Educação Infantil do Colégio I.L.Peretz, Mestre em Letras pela USP, Pedagoga com especialização em Psicopedagogia e em Cuidados Integrativos UNIFESP.
Sensível, simples e disse tudo! O coração guia a escrita.