O que você precisa saber sobre a pílula anticoncepcional | Mamis na Madrugada

Utilizada por, pelo menos, 90 milhões de mulheres, a pílula anticoncepcional é um método que vai além do impedimento da gravidez, pois ajuda a regular a menstruação, reduzir as cólicas e até mesmo limpar as terríveis acnes da pele. Porém, o uso desses comprimidos sempre causou polêmicas e muita preocupação entre as usuárias, principalmente com relação aos efeitos negativos que ela pode causar à saúde. Sendo assim, este artigo pode ajudar você a tirar aquela pulga de trás da orelha. Confira!

Preciso tomar o anticoncepcional sempre no mesmo horário?
Sim. O anticoncepcional deve ser tomado no mesmo horário, todos os dias; no caso dos injetáveis, deve ser tomado a cada mês ou a cada três meses, dependendo do tipo da medicação. A quantidade de hormônio existente nos anticoncepcionais modernos é muito pequena e, se começar a variar o horário de tomar a pílula, além de ser mais fácil de esquecer, pode alterar também a quantidade de hormônio que vai impedir a formação de um folículo, interferindo, assim, na sua eficácia.

O que faço se esquecer de tomar a pílula por um dia?
Se esquecer de tomar o anticoncepcional um único dia, já quebra todo o mecanismo de proteção contra a gravidez. Se você não lembrou num dia, tem até 12 horas para tomar. E, quanto maior o esquecimento, maior o risco. Caso ultrapasse a quantidade de horas permitidas, é indicado o uso da camisinha durante as relações sexuais; aliás, independentemente da situação, o melhor caminho é sempre ter relação sexual com preservativos, prevenindo não só uma gravidez indesejada, como também as Doenças Sexualmente Transmissíveis, lembrando que se você é uma mulher que esquece com frequência de usar a pílula anticoncepcional, talvez a melhor escolha seja optar por um Implante contraceptivo.

Vou poder ter filhos normalmente no futuro?
O uso da pílula impede a ovulação por um período, mas é um processo facilmente reversível, que tem um prazo diferente em cada mulher para voltar ao normal. Há chances de engravidar assim que a mulher parar de tomar a pílula, pois os níveis hormonais das pílulas atuais são baixos e, assim que se suspende o seu uso, a fertilidade rapidamente retorna. Isso vale para todas as marcas das pílulas anticoncepcionais, não importando a fórmula. O único método que pode adiar a ovulação é o injetável trimestral – aquela injeção que citei acima, na qual a mulher administra a cada três meses. Nesses casos, a ovulação pode demorar alguns meses para reaparecer.

Pílula Anticoncepcional engorda?
É muito comum ouvir histórias de mulheres que afirmam ter engordado após iniciarem a pílula. No entanto, os estudos disponíveis até o momento não confirmam esta relação. Como exemplo, uma pesquisa comparou 49 mulheres saudáveis que haviam iniciado recentemente um contraceptivo oral contendo 30 mcg de etinilestradiol e 75 mcg de gestodeno, com mulheres de idade e peso semelhantes, mas que não tomavam pílula. Após 6 meses de seguimento, quando os dois grupos foram comparados, notou-se que não havia diferenças relevantes em relação ao ganho de peso, IMC, percentual de gordura e relação cintura-quadril. Em ambos os grupos, cerca de 30% das mulheres ganharam, pelo menos, meio quilo de peso neste intervalo e, cerca de 20%, perderam mais de meio quilo, demonstrando que a variação de peso não necessariamente tem a ver com uso da pílula.

O remédio possui contraindicações?
Os anticoncepcionais possuem alguns efeitos colaterais que variam de acordo com o organismo das mulheres, como leve irritabilidade, dor de cabeça e aumento da sensibilidade, que diminuem com o passar do tempo e a adaptação do corpo. Mesmo assim, as pílulas anticoncepcionais ainda não são indicadas às mulheres com qualquer doença cardiovascular – assim como quem tem histórico na família deve informar ao seu médico -, obesas ou com alto índice de colesterol e fumantes com mais de 35 anos, fatores que acabam aumentando as contraindicações leves do medicamente.

É verdade que o anticoncepcional aliado ao cigarro aumenta a probabilidade de câncer?
O uso do anticoncepcional com o cigarro, além de problemas cardiovasculares, aumenta a possibilidade de AVC e trombose, uma vez que os anticoncepcionais e a nicotina são vasos constritores, ou seja, provocam a contração das paredes dos vasos sanguíneos. Com o passar dos anos essa mistura pode ocasionar diversas doenças e, em muitos casos, atacam silenciosamente. É uma combinação muito perigosa, porque o estrogênio, um dos hormônios presentes na pílula, provoca a produção de ateromas, placas compostas por lipídios e tecido fibroso que se formam nas paredes dos vasos sanguíneos. Esse hormônio, que não é o mesmo fabricado pelo organismo, tem ação aterogênica, ou seja, existe a formação das placas, que são responsáveis pelo infarto e pelo AVC. Se está pensando em tomar anticoncepcional, marque uma consulta no ginecologista para que o médico receite a medicação mais adequada. Se após a indicação médica você estiver com sintomas diferentes, retorne ao médico. Em alguns casos é necessário trocar o remédio, em outros, é só uma questão de tempo até o organismo se acostumar.

Dr. Thomas Moscovitz | CRM 82581 | Ginecologista e Obstetra  

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