O que fazer quando nossos filhos começam a bater suas asas para fora do ninho?
Chorar? Claro que não! (Pelo menos não para que eles vejam)
Que bom que eles são corajosos o suficiente para pôr a cara no mundo e desbravar o desconhecido! A carga deles é imensa, grande demais para ombros tão pequenos…
Uma língua estranha – por mais que sejam craques nas músicas e entendam todas as falas dos jogos de vídeo game – não é a língua-mãe deles; costumes diferentes, outros amigos, outro lar com uma nova família, provisória claro, mas que será deles por seis meses, um ano, aquele friozinho no estômago… Será que vão conseguir se expressar? E quando vier aquela dor de barriga? Deve bater uma insegurança danada. Porque, para nós mães, basta olhar um pouquinho, só um pouquinho diferente, um suspiro, para sabermos se está tudo bem ou não.
Nossa apreensão é gigante e ficamos na torcida para que eles sejam bem recebidos, queridos, tão queridos que na hora do adeus não queiram devolvê-los. Claro que vamos buscá-los de foguete e bazuca nas mãos se for preciso, mas isso vai significar que foram fofos, e tudo aquilo que tentamos ensinar, aquela nossa chatice (na visão deles, óbvio): “arrume sua cama!”, “tire a bagunça desse quarto!”, “recolha a roupa espalhada!”, etc., valeu a pena. Eles aprenderam, ufa!!!
A saudade é grande, não cabe dentro do peito. É só olhar para o quarto vazio que o coração palpita,e aí sentimos falta, mas muita falta mesmo, daquelas brigas com a irmã mais nova, as broncas para estudar,o celular que queremos jogar pela janela já que são “tech dependentes” e nunca querem dormir, (óbvio que não é porque não gostam de dormir, muito pelo contrário, na hora de sair da cama é o lugar que eles mais amam. “Só mais um minutinho…”).
O coração fica tão apertadinho, tão apertadinho que bombeia água para os olhos o tempo todo, mas como escreveu o poeta Gibran Khalil Gibran “tus hijos non son tus hijo, son hijos de la vida”, teus filhos não são teus filhos, são filhos da vida.
E eu completo dizendo: Que bom que os aviões estão aí para encurtar as distâncias!
Yêda Piccioto