Oi pessoal! O tema escolhido para discussão é dedicado à saúde feminina: trago assunto abordado com frequência durante a consulta da adolescente, trazendo preocupação às jovens: o corrimento vaginal.
Corrimento é o nome dado à secreção saída através da vagina; muitas vezes não é causada por nenhum agente infeccioso, ou seja, não é doença. Nesses casos, preferimos chamar somente de secreção fisiológica.
A secreção fisiológica é composta de células vaginais e uterinas, através de influência hormonal; suas características podem variar de acordo com o ciclo menstrual, confirmação de gravidez, uso de métodos anticoncepcionais hormonais e da própria idade da paciente. Nas adolescentes e mulheres jovens, por exemplo, é comum a secreção ser clara ou um pouco esbranquiçada, sem odor. Suas funções básicas são de proteger e lubrificar o local.
Secreções vaginais não habituais podem ocorrer com mais frequência em quem utiliza absorventes diários, absorventes internos, produtos íntimos como sprays, talcos, cremes, ou ainda em quem usa roupas muito apertadas, de tecido sintético. A secreção também pode estar presente quando existe processo infeccioso. É essencial ir ao médico se o corrimento ou a área íntima apresentar alguma das seguintes caraterísticas:
– coceira;
– odor forte;
– vermelhidão ou inchaço local;
– dor local ou na região mais baixa do abdome;
– ardor ao urinar, ao realizar a higiene, ao ter relações sexuais;
– característica espumosa ou semelhante a iogurte/coalhada;
– coloração atípica, como esverdeada, amarelada (algumas vezes a higiene não é feita de modo adequado, deixando resquícios de urina ou fezes nas vestes íntimas, o que pode ser confundido com corrimento).
O profissional da saúde pode iniciar o tratamento após a consulta e exame clínico, com verificação da secreção, ou após exame detalhado do material coletado. Em nenhuma situação, a paciente deve se automedicar. Em casos de corrimento trazido por alguma doença sexualmente transmissível, o/a parceiro/a também deve ser tratado; o contato sexual é liberado após o término do tratamento.
São orientações importantes:
– lavar a região com água e sabonete sem perfume;
– usar calcinhas de algodão, ou pelo menos com forro de algodão;
– evitar uso frequente de lenços umedecidos; evitar qualquer produto com perfume (absorventes, papel higiênico)
– manter higiene das mãos e unhas em dia; se necessário, limpar as unhas com escova;
– sempre que possível, trocar a calcinha na presença de secreção; evitar ficar muito tempo com biquíni/maiô molhado após banho de praia ou piscina;
– se utilizar absorvente interno, trocá-lo em até 4 horas, no máximo; fazer trocas periódicas do absorvente externo também.
– usar método anticoncepcional de barreira, como o preservativo, para evitar infecções.
Um beijo e até o próximo texto!
Bianca Rodrigues de Godoy Lundberg | Médica de Adolescentes. Faz acompanhamento de rotina dos jovens de 10 a 20 anos de idade em consultório na Vila Clementino, zona Sul de São Paulo, há cinco anos.