Oi pessoal! É com muita empolgação que começo uma série de textos com algumas informações sobre drogas; espero que seja de grande interesse e ajuda para vocês!
O uso de substâncias é bem comum entre os jovens: segundo dados de 2012, no Brasil, 60% dos usuários adultos de maconha iniciaram o uso antes dos 18 anos de idade. Mas não podemos generalizar, já que nem todo paciente que experimenta drogas vira dependente químico na vida adulta.
De qualquer maneira, é essencial saber das possíveis consequências do uso das drogas em geral: piora em aspectos da saúde, maior chance de acidentes, gravidez não planejada ou desejada, baixo rendimento na escola e trabalho, condutas criminosas e, infelizmente, até a morte.
Alguns fatores de risco para o uso de substâncias são:
- Individuais: predisposição genética, transtornos psiquiátricos, alterações comportamentais como baixa autoestima e impulsividade (muito comuns nessa fase da vida), história de abuso (físico, sexual, etc.);
- Familiares: histórico familiar de uso de drogas, modelo familiar que acolhe o uso de drogas, disfunção nos relacionamentos (pouco ou nenhum diálogo, muito conflito, agressividade, autoritarismo, permissividade);
- escolares: faltas, notas baixas, problemas de comportamento, conflitos com superiores;
- Do grupo: amigos ou colegas usuários ou em comércio de drogas, tentativa de “encaixar-se” no grupo, de se manter ou ser popular, além da típica onipotência vista na juventude;
- Sociais: disponibilidade da droga, incentivo através de mídia, tolerância social ao uso (aquele gole de bebida nas festas de família…), privação econômica, entre outros.
Fatores que protegem os jovens do uso e abuso de drogas incluem família com bom vínculo, diálogo e laços afetivos, que fornece informação e orientação sobre substâncias lícitas e ilícitas desde a infância; conduta social adequada (sem abuso de bebidas, cigarros ou drogas na presença de crianças, por exemplo). Famílias cientes das amizades, das atividades em mídias sociais e comportamento escolar também são vistas positivamente. Um bom desempenho no colégio e engajamento em atividades esportivas e/ou religiosas também pode ajudar.
Segundo a Academia Americana de Pediatria (AAP), já é adequado um pequeno rastreamento a partir dos 9 anos de idade sobre o álcool, sendo que o Pediatra pode fazer uma ou duas perguntas sobre contatos de amigos com alcoólicas e se já lhe foi oferecido alguma vez. Um rastreamento levemente maior é feito a partir da adolescência – é função do Pediatra Geral ou do Médico de Adolescentes detectar comportamento de risco a respeito de álcool e drogas, com perguntas como:
– “você já pegou carona com alguém que estava alterado?”;
-”você já usou alguma coisa para relaxar (esquecer os problemas, ter coragem para falar com o/a pretendente)?”;
-“você já usou algo sozinho?”;
-“você já se esqueceu de algo que fez enquanto estava sob efeito da droga?”;
-“algum parente ou amigo já sugeriu que você precisa diminuir ou parar de usar?”;
-“já teve algum problema por usar essa droga?”.
A partir disso, o profissional de saúde treinado para entrevistar adolescentes consegue ter uma ideia da situação, podendo eventualmente caracterizá-la como experimentação, uso, abuso ou dependência – e o seguimento deve ser feito por equipe especializada, abrangendo não só o jovem, mas também sua família e seu ambiente.
Bianca Rodrigues de Godoy Lundberg | Médica de Adolescentes. Faz acompanhamento de rotina dos jovens de 10 a 20 anos de idade em consultório na Vila Clementino, zona Sul de São Paulo, há cinco anos.