A primeira droga da série de textos é a maconha. A maconha, derivada da planta Cannabis sativa, é a droga ilícita mais consumida no mundo, e as palavras aqui escritas serão direcionadas para esse tipo de uso. A substância responsável pelos efeitos tem a sigla THC – sua concentração determina a potência da droga.
A potência, por sua vez, varia com:
– o local da planta que é utilizado (por exemplo, a flor da planta tem muito THC);
– a maneira como é usada a droga.
As maneiras mais comuns usadas pelos consumidores são;
– maconha (marijuana, fumo, cigarro): é mistura de várias partes da planta. Dentre os tipos disponíveis, variam-se os tipos de Cannabis, as combinações de potências, aromas e efeitos desejados);
– haxixe: resina extraída da planta, pode ser até 10 vezes mais potente que um cigarro de maconha;
– óleo de Hash: substância extraída da maconha ou do haxixe com um tipo de solvente (butano), CO2 ou a calor e pressão.
A maconha é fumada (sozinha ou com tabaco), o haxixe também (em cigarro ou cachimbo) e o óleo é aquecido e pingado no cigarro/cachimbo ou vaporizado e inalado. A maconha e o haxixe também podem ser consumidos junto com alimentos, como biscoitos e bolos. Como o THC não é solúvel na água, é muito rara a injeção.
O THC que entra pelos pulmões chega ao sangue em 10 minutos, e logo se distribui para todo o organismo; dessa maneira, sua concentração no sangue cai bem rápido. Quando ingerido, o THC pode demorar até 1 hora para fazer efeito. É excretado pela urina, fezes, bile e leite materno. O indivíduo que usa maconha pode demorar algumas horas para ficar livre de todos os efeitos.
Efeitos do uso da maconha:
– Físicos:
- pode aumentar a frequência cardíaca; varia a pressão arterial (aumento ou queda brusca, com sensação identificada como “teto preto”);
- dilatação de vasos sanguíneos da córnea (olhos avermelhados);
- aumento de apetite (“larica” – consumo de doces e guloseimas);
- boca seca (aumento de consumo de bebidas em geral);
- tonturas e náuseas.
-Neurológicos/psíquicos: os efeitos variam conforme o tipo de substância, sua concentração e potência, fatores individuais, entre outros.
Há alterações na memória, na atenção (o jovem fica “abobado”, “brisando”), na coordenação motora, na percepção de tempo e espaço, nas experiências sensoriais ( comer, ouvir, falar, sentir, ver…).
O uso em baixa quantidade gera relaxamento, leve euforia e alteração de pensamentos; o uso em alta dose gera alteração de humor e alucinações; o uso tóxico pode causar episódios de pânico, delírios, psicose, paranoia (a “bad trip”, ou só “bad”). Esses sintomas podem ter origem e final com a droga ou podem ser gatilho para desenvolvimento de doenças mais graves.
A utilização crônica da maconha traz prejuízos neurológicos como letargia, apatia, desmotivação, além de isolamento social (ou o paciente está sempre com as mesmas pessoas, fazendo as mesmas coisas), queda de rendimento escolar e no trabalho (repetência, demissão…), prejuízos respiratórios (piora de asma, rinite, entre outros) e sexuais/reprodutivos (impotência, infertilidade).
Exames toxicológicos podem ser realizados, procurando a substância na urina, sangue, saliva ou cabelo; lembrando que os usuários crônicos possuem os exames que mais ficam positivos. Em um usuário moderado afastado da droga há 5 dias, por exemplo, os exames podem vir negativos. Antes de qualquer exame, é essencial uma conversa sobre o assunto na família, com franqueza e respeito. Vale pedir ajuda à escola, a um parente mais próximo, ao médico ou outro profissional de saúde de confiança.
Até o próximo tema, um abraço!
Bianca Rodrigues de Godoy Lundberg | Médica de Adolescentes. Faz acompanhamento de rotina dos jovens de 10 a 20 anos de idade em consultório na Vila Clementino, zona Sul de São Paulo, há cinco anos.