Pessoal, tudo bom? Nos nossos temas sobre drogas, continuamos nessa semana com a Cocaína. O pó da droga, chamado hidroclorito de cocaína, é extraído da folha de coca, planta da América do Sul. A cocaína começou a ser usada há mais de 2000 anos. Na década de 1860 foi descoberta e prescrita para alguns procedimentos médicos.
Com o uso, foram aumentando as complicações, sendo então proibida. Reapareceu em meados de 1960, e aumentou o consumo na década de 80 (diminuição de custo e diversificação das vias administração).
Com o obtido da planta, são adicionados produtos químicos, como soda cáustica, querosene e outros. Então é produzida a cocaína em pó, o crack e uma droga conhecida como merla. São adicionadas no processo do pó outras substâncias, como talco, ácido acetilsalicílico, pó de mármore, pó de gesso e pó de giz, e outros.
A cocaína estimula o sistema nervoso, causando sensações de euforia, aumento de alerta aumento da fala (a pessoa fala mais) e senso de poder e invencibilidade. Seriam incansáveis. Usuários de cocaína podem sentir tonturas, náuseas, vômitos e aumento do suor. Entre os efeitos sentidos no corpo, está o aumento dos batimentos do coração, aumento da pressão arterial, que pode levar a arritmia e ataques cardíacos – mesmo em pessoas jovens e antes saudáveis. O uso da cocaína também pode desencadear convulsões e derrame cerebral.
No momento em que o efeito da droga está acabando, podem vir sentimentos como tristeza desilusão, paranoia e ideias suicidas.
A cocaína tem alto poder de vício: logo após início do uso pode levar a uma perda de controle e sensação de querer sempre mais, com mais frequência. Se o uso da droga não continuar regularmente, a pessoa então desenvolve sintomas de abstinência como letargia fraqueza muscular, irritabilidade, diminuição da compressão e depressão.
A cocaína é vendida como um pó e usualmente inalada através do nariz. O pó também pode ser derretido, virar um líquido e ser injetado diretamente na veia.
O crack é uma forma de cocaína que pode ser fumada, e é relativamente mais barata: fumar crack aumenta a rapidez e a intensidade do efeito da cocaína, e também aumenta o risco da pessoa tornar-se viciada.
Reconhecer os sinais de uso de drogas é o primeiro passo para conseguir ajuda apesar de alguns sinais serem bem inespecíficos. No caso da cocaína, a pessoa perde peso e apresenta um aspecto doente. Por não dormir, apresenta olheiras. Também podemos perceber boca seca, dilatação das pupilas, olhar perdido, alucinações, narinas irritadas (parece sempre estar com o nariz escorrendo) ou queimaduras nos lábios, língua e rosto pela proximidade da chama do cachimbo (para crack). Quando é injetada, as marcas de picadas pelo corpo são visíveis.
São usados espelhos, lâmina de barbear, canudos, pequenos tubos plásticos, notas enroladas, balanças de precisão, saquinhos, seringas, fósforos, macerador, e outros.
A cocaína vendida como pó não pode ser fumada, e então é modificada: o produto final se chama crack, tem absorção mais rápida e efeitos mais intensos. Nesse tipo de administração, vai rapidamente dos pulmões e cérebro, com efeitos começando em segundos e terminando em até 10 minutos; é excretada pela urina. Também cruza a barreira da placenta em grávidas.
Principais efeitos do uso agudo da cocaína:
– Geral: euforia, irritabilidade, inquietação;
– Físico: aumento do tamanho das pupilas, aumento do suor, diminuição do apetite;
– Neurológico: diminuição da coordenação motora;
– Psíquico: depressão, paranoia;
– Cardiovascular: aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, com possibilidade de ataque do coração.
Quem usa cronicamente a cocaína tem necessidades cada vez maiores para alcançar o mesmo efeito. Como complicações físicas, podemos citar o prejuízo do coração, dos pulmões, do sistema vascular e do desempenho sexual.
A superdosagem tem duas fases: grande excitação inicial, dores de cabeça, náuseas, vômitos e convulsões; e a segunda fase caracterizada por perda de consciência, depressão respiratória e falha do coração. Vale lembrar que altas doses de cocaína podem alterar o comportamento do indivíduo e pode exacerbar alguns transtornos psiquiátricos. Dentre as complicações sociais, podemos citar o isolamento social, comportamento violento, crimes como roubo (para financiar a droga) e a prostituição (como moeda de troca para a droga).
No caso agudo de intoxicação por cocaína, devemos ficar atentos para transtornos psiquiátricos, quadros de pressão alta – realizar monitoramento cardíaco e neurológico. Em longo prazo existem alguns tratamentos para dependência de cocaína a base de medicação, internações, apoio psicológico, mas os resultados são bem variáveis.
Bianca Rodrigues de Godoy Lundberg | Médica de Adolescentes. Faz acompanhamento de rotina dos jovens de 10 a 20 anos de idade em consultório na Vila Clementino, zona Sul de São Paulo, há cinco anos.