Um dos momentos mais prazerosos com as minhas filhas é sem dúvida quando fazemos bolo em casa.
A preparação começa com a compra dos ingredientes e passa pela leitura da receita, a quebra do ovos, o barulho da batedeira a sujeira de farinha na cozinha toda, a raspa da massa que não foi para o forno, a cronometragem do tempo para assar e o desinformar do bolo até a mesa. A hora da degustação é outra festa. Tudo isso para eu receber o título de “melhor boleira do mundo”, dado é claro, por elas.
Mas não foi sempre assim, nem sempre a combinação cozinha, mãe e filhas foi bacana. Confesso que a introdução alimentar da minha primeira filha não teve tanto prazer para nós, ela comia muito bem com o pai, a babá e as educadoras do berçário, menos é claro, comigo. Certa vez fiquei escondida observando-a na hora de uma das refeições no berçário e vi perplexa, ela repetindo o pratão de brócolis. Ou então, naquele jantar de domingo que você já está pensando na semana intensa de trabalho, e depois de uma hora tentando fazer a criança comer, percebe que pai executa essa função com mais praticidade. Confesso que em vários momentos em situações como essa, me senti frustrada, fracassada, cansada e até incapaz de oferecer uma refeição à minha filha. Desmoronou toda minha expectativa de ser a mãe perfeita. Para falar a verdade em 8 anos da Valentina, acho que alimentação foi um dos temas mais trabalhosos para lidar na sua educação, mal sei o que ainda está por vir.
Vários foram os gatilhos de virada dessa situação, mas o principal deles foi aceitar o desafio proposto pelo pediatra de não dispender de tanta energia para que a criança comesse, entende-se por energia a apreensão antes das refeições, os combinados nunca respeitados nem por mim e nem por ela e até os gritos com a criança para que ela comesse. Precisei de ajuda para perceber que essa tal desobediência era uma forma de chamar a minha atenção, e vamos combinar, atenção em qualquer fase é tudo que as crianças precisam, mas não era gritando e me desgastando que eu gostaria de dar atenção à minha filha.
As demais ações, envolvê-la na compra e preparação dos alimentos, estabelecer uma rotina para as refeições em casa ou até dar o exemplo de uma alimentação saudável, fluiu mais facilmente a partir do momento que entendi o que me incomodava naquela situação. Com a segunda filha o desafio da alimentação foi mais fácil.
Por que considero a alimentação um desafio? A quantidade de informações e opções que temos hoje, além das mudanças no estilo de vida da nossa geração, nos faz termos a obrigação de sabermos mais do que os nossos pais. E se por um lado acho que ficou mais difícil ser mãe, por outro tenho a certeza e segurança do legado que vamos deixar.
E você?
– Como você tem lidado com a alimentação dos seus filhos?
– O que você considera importante nesse processo?
– Como você fortalece o vínculo com seus filhos nos momentos das refeições?
– Qual seu maior desafio em relação a esse tema? Como você se sente?
– O que gostaria de mudar?
Cristiane Vicchiato | 39 anos, mãe, mulher em busca de mais leveza para desempenhar todos os seus papéis. Coach, cofundadora da Eight∞ Coaching, administradora. Também adora fazer bolos.
E-mail: cristiane@8coaching.com.br/