Dentre os chamados transtornos alimentares reconhecidos, um dos mais comuns, mas pouco discutidos é a Síndrome do Comer Noturno.
Ela tem critérios diagnósticos bem definidos, mas os mais importantes são comer mais que 25% das calorias após o jantar, e é comum que se acorde à noite com uma sensação de urgência para comer e a certeza que não conseguirá dormir novamente se não comer (é diferente de pessoas que têm doenças do sono e comem à noite sem perceber).
Uma das grandes dificuldades nesse diagnóstico é que muitos pacientes não contam esses episódios espontaneamente, por vergonha de serem julgados. E de fato, profissionais de saúde que não o conhecem podem julgar ou simplesmente recomendar “não comer à noite”, como se fosse uma mera questão de força de vontade.
É importante divulgar a existência desse transtorno, que pode estar presente em cerca de 1,5% da população geral, mas em pessoas com obesidade gira em torno de 10%, mas provavelmente tem números até maiores em pacientes que procuram ativamente tratamentos para perda de peso, cirurgia bariátrica ou mesmo pacientes com diabetes.
Sabendo que ele existe, pessoas que sofrem com isso podem se sentir mais encorajadas e menos envergonhadas de discutir com o médico sobre a questão; e profissionais de saúde precisam estar aptos para diagnosticá-la e tratá-la.
Embora não existam medicações especificamente aprovadas para essa condição, há tratamentos que podem funcionar bem, com um bom acompanhamento médico, de preferência acompanhado de terapia.
Lembro que algumas medicações para sono podem até piorar a condição e é importante não se auto-medicar nunca!
Ref: O’Reardon. Night eating syndrome:diagnosis epidemiology and management. CNS Drugs 2005
Dr Bruno Halpern | Doutor em Endocrinologia – Faculdade de Medicina da USP / Vice-Presidente FLASO/Departamento Diabetes e Obesidade SBD – CRM-SP 124905/ RQE 55372