Tontura na infância | Mamis na Madrugada

A tontura ainda recebe o nome incorreto de labirintite, uma vez que labirintite significa inflamação ou infecção, e menos de 5% do todos os casos de tontura na população em geral é devido a labirintite. A tontura pode ocorrer em todas as idades, inclusive na infância, apesar de ser menos comum do que nas idades adultas e na terceira idade.

A tontura é um sintoma e não um diagnóstico. Pode ser caracterizada como uma sensação rotatória, de instabilidade, mareio, entre outras. Para quem sofre de tontura é difícil explicar o que sente, então podemos imaginar como isso é mais difícil para a criança.

Algumas crianças vão referir tontura, outras evitam alguns brinquedos por receio de passar mal, outras apresentam mal estar, náusea e até vômitos em veículo em movimento (esse quadro é chamado de cinetose). Em crianças com meses a poucos anos de idade, podem de um momento para outro ficar pálidas, tentar se agarrar a algo e se colocadas no berço se inclinarem para serem pegas, e também podem apresentar um movimento dos olhos conhecido como nistagmo.

Outro quadro que acomete principalmente adultos, mas também pode aparecer nas crianças, é uma tontura de curta duração desencadeada pela mudança de posição da cabeça.

Um possível fator desencadeante é o consumo exagerado de chocolates e doces, incluindo achocolatados. Não é incomum algumas crianças apresentaram tontura após uma festa de crianças com consumo de doces.

A tontura interfere na qualidade de vida, pode afetar do ponto de vista emocional, e inclusive comprometer a atenção em algumas atividades escolares.

Antes de falar em tratamento é importante uma avaliação da causa. A maioria dos casos é de origem periférica, mais relacionada ao labirinto.  Apesar de raros, quadros neurológicos podem apresentar a tontura como um dos sintomas.

Quadros de otite geralmente não geram tontura, e quando isso ocorre é um sinal de alerta, na qual os pais devem procurar o pronto socorro.

Entre os tratamentos para os diversos tipos de tontura, temos medicações, reabilitação vestibular e orientações alimentares.

Em relação ao tratamento medicamentoso, é importante lembrar que muitas das medicações têm efeitos colaterais, e por isso o uso criterioso é fundamental.  A reabilitação vestibular é baseada em exercícios para a melhora do equilíbrio, um tipo de fisioterapia, e também envolve uma manobra de reposicionamento canalicular para um tipo específico de tontura desencadeada pela mudança de posição da cabeça. Em relação aos cuidados alimentares, o efeito nas crianças é marcante e sempre deve ser considerado. O tratamento cirúrgico é raro, por exemplo, no caso de uma otite que complica com uma labirintite, em que é necessário fazer uma incisão com drenagem e às vezes colocar um tubo de ventilação.

O sintoma de tontura jamais deve ser desvalorizado pelos pais ou pelos profissionais de saúde. Jamais deve ser considerado como normal ou que vai melhorar com o passar dos anos.

O acolhimento do nosso pequeno paciente é fundamental. Temos que evitar jargões como “tudo é labirintite” e “labirintite não tem cura”.

Dr. Gustavo Polacow Korn | Otorrinolaringologista | CRM: 101458 – SP

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