Essa era uma frase que sempre levei como verdade absoluta na minha carreira. No inicio não sabia de onde vinha esse pensamento, talvez pelos exemplos de casa que não tiveram sucesso, talento ou sorte para empreender. Talvez porque eu carregava comigo marcas fortes das empresas em que trabalhei, que dispensavam apresentações pessoais, talvez porque eu me escondesse atrás dessas marcas.
Nos últimos anos de trabalho corporativo, apesar dos dias intensos, reuniões intermináveis e agenda sempre apertada, algo me incomodava no dia a dia. Uma busca de sentido para tudo aquilo que eu produzia, e olha que não era pouco! Por mais que internamente eu lutasse contra, eu precisava me libertar do trabalho que por muitos anos eu tanto amei, da empresa que eu admiro e de relacionamentos com pessoas queridas que me ensinavam e aprendiam comigo.
Durante esse período todo, no meio de tantas incertezas, tinha algo que eu nunca duvidei, independente da decisão que eu tomasse, nunca pensei em trabalhar para mim. Eu tinha como objetivo três focos: estar mais próxima da minha família, quem sabe aumentá-la, cuidar da minha saúde que sempre ficava em segundo plano e iniciar uma nova carreira, que ainda não sabia qual era. Ok, eu poderia fazer tudo isso de uma forma gradual, sem precisar tomar atitudes que mudassem a minha vida de um dia para o outro, mas aí, não significaria uma mudança, eu precisava desconstruir para me reconstruir. Foi então que eu tomei a decisão que tanto eu temia, pedi demissão e fui tratar de começar uma nova vida.
A primeira atitude que eu tomei foi iniciar uma formação de coaches prevista para durar um ano e meio, no meu caso dois, pois fui surpreendida com uma gravidez mais do que desejada, mas que tanto demorou para acontecer. Esse era um sinal de que eu não sabia o que estava por vir, deixei uma leveza e por que não uma incerteza tomar conta da minha vida naquele momento. Quanto sofrimento esse processo de reconstrução! Será que a vida toda tem que fazer parte de um planejamento? Para quem trabalhava em vários momentos com base em um cronograma por hora, deixar a incerteza tomar conta pode gerar uma sensação de menosprezo, de improdutividade, de imprudência até, afinal de contas eu sempre trabalhei para algo maior, algo que não era para mim.
Resolvi então encarar o desafio, nunca me senti tão perdida, mas ao mesmo tempo tão realizada, tinha minha família mais presente, carregava em meu ventre o símbolo do renascimento, da mudança e da plenitude. Abri espaço para novos entrantes, amigos fiéis, desinteressados e muito interessantes, aprendo com eles. Me permiti adquirir novos conhecimentos, daqueles que jamais pensei em ir atrás, afinal eu era tão pragmática e exata que não precisava me alimentar deles. Gostei do desafio.
Senti que dessa forma comecei a olhar mais para mim, cuidar mais de mim de corpo e alma, trabalhar para mim…
Hoje posso dizer que desconstruí uma crença tão forte quanto aquilo que eu buscava. Gratidão em fazer parte do desenvolvimento do ser humano, tão prazeroso que as vezes nem se chamo de trabalho, tão recompensador que preenche de significado e propósito. É um trabalho tão para mim, que torna-se simples trabalhar para alguém.
E você?
- Quais formas você encontra para trabalhar para si mesma?
- Que tipo de reconstrução você precisa encarar para se reconectar?
- De quais planejamentos você se permite abrir mão?
Cristiane Vicchiato | Coach, cofundadora da Eight∞ Coaching, administradora
E-mail: cristiane@8coaching.com.br/