Oi pessoal, essa semana falaremos um pouco sobre a cafeína.
Foi descoberta em extratos de grãos de café, por volta de 1820; hoje é o estimulante lícito mais socialmente aceito e consumido no mundo, através dos muitos tipos de cafés e chás – já foi também encontrada em outras plantas e é ingrediente de refrigerantes, bebidas energéticas, sorvetes, chocolates e também medicações.
A cafeína tem efeito em muitas partes do organismo, com impacto variando com a quantidade ingerida e com o indivíduo. Para adultos, foi verificada dose segura de até 400mg de cafeína ao dia; por não existirem muitos estudos com a população de crianças e jovens, é estimada dose segura de até 2,5 mg por quilo de peso, mas o consumo é totalmente desestimulado nessa faixa etária.
É absorvida pelo sistema gastrointestinal, atinge sua concentração máxima em até duas horas após a ingestão e passa pela placenta e leite materno (atenção, futura mamãe e quem amamenta!). O metabolismo é feito no fígado e a eliminação é através dos rins, pela urina.
Doses baixas e moderadas de cafeína, o que equivale a até 300 mg da substância, são influentes na vigilância e alerta, podem melhorar o humor, diminuir a sensação de cansaço e facilitar a execução de algumas tarefas. A cafeína também vem sendo usada há tempos como tratamento de cefaleia, sendo encontrada em alguns analgésicos.
A cafeína em excesso tem por efeitos: palpitação, tremores, agitação e insônia, aumento da função intestinal, aumento da pressão arterial, arritmias, convulsões e alucinações. Dentro da população adulta, 10% faz uso crônico de cafeína, estando exposta a alguns desses sintomas.
A abstinência pode ser sentida em cerca de 50% dos usuários diários de cafeína, mesmo em baixas doses, e tem como características: dor de cabeça, fadiga, falta de energia e diminuição de alerta, sonolência, humor deprimido, irritabilidade, dificuldade de concentração, náuseas, dores musculares. Quando a cafeína retorna ao organismo, os sintomas se resolvem geralmente em até 60 minutos.
Os efeitos tóxicos do uso da cafeína em adolescentes aumentaram muito nos últimos 20 anos, especialmente com a entrada de vários tipos de bebidas energéticas no mercado. Existem alguns casos relatados de morte por ingestão de cafeína em excesso. Muitas vezes, adolescentes e jovens exageram no consumo de energéticos para melhor rendimento nos estudos, e acabam sofrendo os efeitos adversos. Em outras ocasiões, o energético é associado ao álcool (e outras drogas): é totalmente contraindicado esse tipo de consumo. Quando o energético, que tem outros estimulantes e substâncias além da cafeína, é associado ao álcool, os pacientes podem ter dificuldade de reconhecer quando passaram dos limites (em outras palavras, dificuldade de perceber que estão alterados e continuar o uso). Isso os deixa vulneráveis aos efeitos adversos e a comportamentos de risco, como prática sexual inadequada/abuso, direção perigosa, entre outros.
Abaixo, alguns exemplos de bebidas que contém cafeína e a quantidade (fonte: FDA, órgão norte americano):
-Café expresso (30ml): entre 30 e 90 mg de cafeína;
-Coca-cola (355ml): 35 a 47 mg de cafeína;
-RedBull (245ml): 80mg de cafeína;
-Monster Energy (470ml): 144mg de cafeína.
Bianca Rodrigues de Godoy Lundberg | Médica de Adolescentes. Faz acompanhamento de rotina dos jovens de 10 a 20 anos de idade em consultório na Vila Clementino, zona Sul de São Paulo, há cinco anos.