Poucos filmes trazem tantas lembranças como os da série Toy Story, seja pela história ou pelo fenômeno que o longa se tornou, sem mencionar a revolução tecnológica que acabou inaugurando. Muitos cresceram com o filme, afinal…nostalgia é importante, assim como seguir em frente, rumo ao futuro, como fica bastante claro durante toda a narrativa do quarto filme da série.
Woody sempre soube qual era o seu lugar no mundo, e que sua prioridade é cuidar de suas crianças, seja Andy ou Bonnie. Então, quando o novo e adorado projeto artesanal de Bonnie transformado em brinquedo, Forky, “Garfinho” na versão brasileira declara-se “lixo”, toma para si a responsabilidade de mostrar por que ele deveria abraçar a ideia de ser considerado como tal. Aqui há uma pequena referência sobre a importância da reciclagem e se existe ou não a possibilidade de se considerar tais materiais como brinquedos, uma vez que estão inseridos nas práticas didáticas das escolas, ambiente em que se passa a trama inicial.
Dirigido por Josh Cooley (“O primeiro encontro de Riley”), produzido por Jonas Rivera (“Divertidamente”, “Up”) e Mark Nielsen (assistente de produção, “Divertidamente”), “Toy Story 4”, da Disney·Pixar, estreia nos cinemas brasileiros em 20 de junho de 2019.
O boneco admite ter saudade da vida com o Andy, porque foi uma parte muito importante da vida dele. Mas a partir deste filme, passa a ter o nome da Bonnie gravado em suas botas, o que para um brinquedo é um grande privilégio. Ela agora é a criança dele. Então, quando está falando sobre como é ser um brinquedo, dá uma engasgada e se emociona. Assim como eu….confesso!
Aqueles que também acreditaram que o terceiro longa da saga fosse o último, considerando que ele tem um fechamento de arco muito satisfatório para todos os personagens, podem esperar por muito mais, afinal a Pixar ficou famosa por conseguir comover o público de todas as idades com personagens que se assemelham aos humanos, mesmo sendo bonecos. Muito disso passa pela construção dos sentimentos dos elementos de cena, fazendo com que não sejam perfeitos e, assim, se assemelhem mais ao público.
O novo filme da franquia está longe de ser o melhor deles, mas a os temas da atualidade estão presentes, mesmo de forma sutil, nos discursos femininos (e feministas) que se estendem da vilania ao protagonismo, dando voz a figuras interessantes e fortes e por vezes até mesmo inusitadas, como a dona de uma loja de antiguidades idosa e independente, que arranca muitos risos dos espectadores. É inserida também a boneca Gabby Gabby, que na trama tem quatro súditos ventríloquos, além de um dos atrativos da nova história ser o ressurgimento de Betty, a boneca de porcelana pastora de ovelhas que tinha se apaixonado por Woody no último filme.
As mães, como eu, devem se identificar com o fatídico “primeiro dia de aula”, em que nossos pequenos e nós (mais do que ninguém) sentimo-nos ansiosos, angustiados e um pouco perdidos. Há indícios de se mencionar o bullying e o comportamento agressivo de algumas crianças no ambiente escolar, mas isso também fica como pano de fundo no roteiro.
O filme deve agradar toda a família e não é assim tão triste como a versão anterior, que me fez desidratar dentro da sala de cinema. As cenas pós-crédito são impagáveis e as vozes brasileiras roubam a cena, em especial a de Marco Luque, que diverte crianças e adultos como um “ser humaninho” genial e Antonio Tabet, que emprestam respectivamente a voz aos novos personagens Coelhinho e Patinho. Na versão original o sucesso fica por conta de Keenga-Micheal Key e Jordam Pee.
E há também histórias de amor, pitadas de romantismo, além de reflexões importantes sobre a importância da lealdade em qualquer tipo de relação. As canções são belíssimas como sempre e no final do filme, nos seguram na cadeira, enquanto sobem os créditos.
É uma verdadeira explosão de fofura! E como não queremos estragar as surpresas, mas apenas acalmar os corações, deixamos apenas um recado: não deixe de assistir, pois Toy Story 4 traz uma conclusão à história de Buzz e Woody que nunca pensaríamos ver, mas que vale a pena ser vista. É um filme perfeito para o período das férias escolares de inverno.
O filme estabelece um grande potencial para a franquia com uma série de novos personagens. Definitivamente, deixa como marca a já atestada qualidade da Pixar: impecável na produção de efeitos, cores e texturas, além da ser perfeita na animação. É uma verdadeira metáfora para o futuro da Pixar, como afirmou o próprio diretor em entrevista cedida à IGM Brasil há poucos dias.
Ao infinito e além!
Renata Valente | @maevalenteoficial