Hoje eu corri por 5 minutos na pista.
Não, eu não engoli um 0. Foram 5 minutos. 300 segundos.
“Que miséria”, dirá você.
“Só isso?”, dirá outro você.
Entendam o contexto, pessoas.
Eu NÃO CORRO. Nunca corri. Nunca consegui correr.
Duas voltas bufando na quadra da escola e me arrastando enquanto o professor estava de costas, ok.
Tiros de velocidade na quadra de tênis e precisando de vários minutos pra conseguir levantar a raquete de novo, ok.
Correr atrás do filho de três anos que resolveu que queria sair do clube sozinho, ok.
Mas correr? Estilo corrida de verdade, tipo contar tempo e ficar com aquela cara de paisagem satisfeita depois que termina? Jamais.
Corria meio minuto e os ligamentos queriam desligar-se de mim, o baço mandava alertas de SOS (pra que diabos serve o baço, afinal??) e eu voltava a andar, fingindo que não queria mandar minha resistência física praquele lugar. E lançando um sorriso mais amarelo que gema de ovo pra senhorinha de 70 anos que já estava havia uns 20 minutos num trote selvagem. Claro que ignorei solenemente o rapazola que galopava como um puro-sangue árabe, afinal só seres humanos valem pra fins de comparação. Hmpf.
Só que, de verdade, não saber correr nunca me incomodou muito, porque fazia outras atividades e teoricamente não precisava disso. Então beleza, segue a vida.
Só que a vida surpreende, viu? E voltamos pra hoje. Estava eu andando na pista, quinze minutos, passo rápido de mulher que tenta manter a elegância correndo atrás de uma arara em liquidação, quando senti que meu corpo parecia pedir um trotezinho. E eu já com medo do joelho, da coluna, do coxão mole, do patinho moído… Mas obedeci o pedido e fui. Pensei: vou correr um minuto. Fui indo. Passou dois, tava ok… Três e senti aquilo que deve ser o “high” que o corredor sente…
Quatro, e será que to doida? Cinco, ainda bem, mas com medo de abusar, parei.
E andei os últimos cinco. Terminei feliz da vida, achando absurdo ninguém ter estendido uma faixa pra eu atravessar, e esperando avidamente os aplausos do pombo que estava lá, porque pelo jeito era pedir demais que meus vizinhos de pista se dessem conta do que eu conquistei.
Mas tudo bem. Tem coisas que vc, mesmo sendo leonina, não precisa exibir pros outros.
“Mas então pra que vc tá postando isso no facebook se a conquista é minúscula e particular, sua mala exibida?”
(Mala exibida? Desnecessário, tá?)
Postei isso pra mostrar que, muitas vezes, nos acomodamos. Cismamos que não somos capazes, que não conseguimos fazer algo, e aceitamos isso como uma regra pra nossa vida.
“Eu não corro”. “Eu não sei cantar”. “Eu não consigo resolver esse problema”.
E a própria vida, com um empurrãozinho, somado à nossa escolha de ir no embalo do empurrãozinho, nos oferece a chance de mudar nossos conceitos sobre nossas habilidades. Precisamos ousar, perder os medos e as inseguranças que nos amarram aos conceitos que estabelecemos sobre nós mesmos. E a cada objetivo alcançado, tentar um pouco mais. Porque semana que vem, quero correr 8 minutos.
Precisamos agarrar essas possibilidades de mudança quando elas se apresentam. Ou precisamos criá-las.
Ou, como no meu caso, precisamos, literalmente, correr atrás delas.
Parabéns Claudia !!!!
Seu texto é muito incentivador … E fala a real !!!! Para tudo necessitamos ser resilientes !!!
Obrigada por compartilhar seu pequeno grande progresso ❤️