Festa de Purim | Mamis na Madrugada

Purim é a data mais alegre do calendário judaico, a festa das crianças. Comemora com muita algazarra a vitória dos judeus da Pérsia – o atual Irã – contra uma tentativa de aniquilação encabeçada pelo vilão Haman, ministro do rei Achashverosh (Assuero). Os heróis são a rainha Ester, esposa judia de Achashverosh, e seu tio Mordechai, líder da comunidade judaica.
O nome da festa tem origem na palavra hebraica “pur”, sorteio, método usado por Haman para escolher a data de exterminação dos judeus daquele país. E a história se passa em Shushan, antiga capital persa, por volta de 550 anos antes de Cristo, no tempo do exílio babilônico, entre a destruição do Primeiro Templo de Jerusalém e a construção do Segundo Templo.
Segundo a Meguilat Ester, o livro de Ester na Bíblia, tudo começou com a decisão do rei Achashverosh de transferir a capital do império, da Babilônia para Shushan. Ele preparou uma grande festa para comemorar a mudança e ordenou que sua esposa, a rainha Vashti, desfilasse para mostrar sua beleza a todos. Mas Vashti recusou e o rei a expulsou da cidade.
O tempo passou e Achashverosh caiu em depressão. Seus conselheiros sugeriram que ele escolhesse uma nova esposa. O rei gostou da idéia e ordenou que as mais belas jovens, selecionadas em todo o império, fossem levadas a Shushan. Lá, ele escolheu Ester, que escondeu sua origem judaica por sugestão de seu tio Mordechai, para não irritar o rei.
Mordechai conquistara a confiança de Achashverosh ao relatar-lhe uma conversa entre dois eunucos, no palácio, sobre um plano para matar o rei, que, ao saber disso, mandou executar os conspiradores. O problema é que isso provocou a ira do poderoso ministro Haman.Purim_destaque_correto
Utilizando sua influência, Haman conseguiu convencer o rei de que os judeus, que tinham costumes diferentes, conspiravam contra o trono. Achashverosh assinou então um decreto ordenando o extermínio de todos os judeus persas em um só dia: 13 de Adar, no calendário judaico, escolhido em um “pur”, sorteio. Além disso, uma noite, Haman cruzou com Mordechai, na rua. Como a tradição proíbe que os judeus se curvem diante de qualquer homem, Mordechai não obedeceu a uma lei que obrigava todos a reverenciarem o ministro. Com mais raiva ainda, Haman mandou construir uma forca especialmente para executá-lo.
Mordechai, então, orientou Ester a contar ao rei que era judia e que em breve seria assassinada junto com seu povo. Na véspera do jantar em que Ester revelaria a Achashverosh sua origem, o soberano não conseguiu dormir. Para distraí-lo, seus servidores leram uma parte da crônica de seu reinado: era exatamente o trecho que contava como Mordechai salvara sua vida.
Ele decidiu recompensar o líder judeu e, no dia seguinte, pediu ao ministro Haman uma sugestão sobre o que deveria fazer para homenagear um grande homem. Lisonjeado, Haman achou que seria o felizardo e propôs ao rei que desse ao homem as vestimentas reais e que este fosse conduzido em um lindo cavalo, por toda a cidade.
O rei gostou da idéia e pediu a Haman que conduzisse Mordechai, a cavalo, pelas ruas de Shushan. Na mesma noite, a rainha lhe contou que era judia e pediu que poupasse seu povo. O decreto de Haman foi revogado e o extermínio não aconteceu. Humilhado, Haman teve que presenciar a vitória de Mordechai e, com ele, de todos os judeus persas. O ministro terminou morto na forca que erguera para Mordechai e o dia 14 de Adar, um dia após a data planejada para o massacre, foi escolhido para comemorar Purim. Anos depois, o rei persa Dario, filho de Achashverosh e Ester, autorizou os judeus a construírem o Segundo Templo.
História
Há muita polêmica sobre a história de Purim, que é questionada por numerosos historiadores. Há quem diga que Achashverosh seria, na verdade, o rei persa Artaxerxes I. Mas a tese esbarra na cronologia, uma vez que ele viveu depois da construção do Segundo Templo, concluído em 515 A.C. Nesse caso, a hipótese mais viável é que Achashverosh seria Cambises II. Ele nasceu em data desconhecida, reinou até 522 A.C. e foi sucedido por Dario I, imperador entre 521 e 486 A.C., que autorizou a construção do Templo.

 

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