Meu modo de maternar | Mamis na Madrugada

Parece que finalmente as mães andam tomando coragem pra contar sobre a #maternidadereal. Aquela que te deixa exausta, embagulhada, te leva às lágrimas, quiçá à loucura. E daí saímos de um extremo, que é a maternidade dos sonhos, dos azuis ou rosas e fotos coloridas e sorridentes, para o preto e branco, as dúvidas e angústias. Mas a maternidade real é única. Ela é a que você vive. E só você, tão somente você, com sua bagagem de vida é quem construirá sua história com seu filho e seu próprio modo de maternar.

Eu não sabia como seria meu modo de maternar até meu filho nascer. Eu tinha lá minhas ilusões, meus castelinhos de areia que foram desconstruídos um a um para que eu começasse a construir os castelos reais, ou melhor, as fortalezas.

Eu saí de um trabalho e passei a buscar frilas, mas dai surgiu outro trabalho fixo home office (que inclusive acabou agora, depois de nove meses – e estou aqui pensando no simbolismo deste tempo). E vieram os desafios.

Conciliar horários, entregar textos, compreender e aceitar minhas limitações, cuidar do bebê, da casa, do cachorro, ter uma faxineira a cada 15 dias, parentes que moram longe, mãe falecida, marido que chega em casa só depois que a criança já está dormindo, só você e o bebê. O bebê e você.

Descobri que meu modo de maternar é amor de doação. Cansa. Fico exausta muitas vezes. Mas daí vem a gargalhada, o sorriso maroto, o mamã, a mãozinha no meu rosto, o jeitinho de pegar o alimento, o carinho, o tetê… são incontáveis as recompensas. E como um carregador de bateria, lá estou eu pronta para ele, depois de ter dormido pouco, já que compartilhamos a cama e ele mama à noite. Sete ou antes da sete estamos prontos para nossa rotina de papinhas, brincadeiras, aprendizados, mamãe equilibrando os pratinhos da vida e das emoções, mas aprendendo, aprendendo como nunca a amar incondicionalmente.

Eu não imaginava que seria assim. Não imaginava que seria tão solitário, mas ao mesmo tempo, tão cúmplice. Tão exaustivo, mas também energizante. Tão sofrido, mas também tão lindo. E o maternar te ensina que a vida é feita de contrapontos, paradoxos, nada é como parece e você… você se olha no espelho e mal se lembra de quem era antes.

Ah, eu era assim. Mas agora, eu sou mãe. Sou outra. Olho para tudo e sinto gratidão pelos caminhos que me levaram até você. Entendo que esses caminhos me ajudaram a escolher com o coração. Meu amor de doação é o melhor que posso te oferecer.

Muito ainda tenho a percorrer e meu maternar vai não só ensinar meu filho a viver nesse mundo como também vai me reeducar, me ajudar a renascer. Asas novas, mamãe. A maternidade nos traz asas novas. Que elas nos façam voar cada vez mais alto e sempre juntos. E que cada mamãe descubra seu próprio modo de maternar!

 

Luciana Santos Tardioli

 

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