Frequencia alimentar: mitos e verdades | Mamis na Madrugada

Muita gente fica confusa com mensagens contraditórias sobre perda de peso: enquanto uns advogam que o certo é comer de três em três horas, outros dizem que o certo é passar longas horas em jejum.

O mais importante, para reduzir as dúvidas, é entender que para emagrecer, é necessário déficit calórico, não importa como. Você só emagrecerá se comer menos calorias que gastar: ponto final. E a perda de peso dependerá de quanto for esse déficit: déficits menores, menor perda; déficits maiores, maior perda.

A idéia que “jejum engorda”, pois o metabolismo percebe que não há energia e estoca gordura não faz nenhum sentido bioquímico, afinal é impossível gerar energia do nada. Mesmo a idéia de que ao comer várias vezes ao dia reduz a fome na refeição seguinte é contradita por estudos que sugerem que cada refeição a mais que fazemos, consumimos um extra de 150 kcal, ou seja, lanchar demais tem uma chance enorme de ser contraprodutivo.

Por outro lado, também é errado achar que ficar muitas horas em jejum emagrece por si só: o emagrecimento virá se, ao comer menos vezes, a quantidade total de calorias se reduza, o que é provável que aconteça, mas devemos lembrar que a adesão pode ser prejudicada, tanto por maior fome como por questões sociais e culturais (afinal, sentar a mesa e comer é um prazer muito além de uma necessidade fisiológica). Os estudos que sugerem que mais de 16 horas de jejum ativam vias anti-inflamatórias são em ratos; em humanos, seriam necessários ao menos três dias para tal.

Portanto, o ponto mais importante é: individualização. Não faz sentido mandar uma pessoa que gosta de sentar à mesa e comer fazer múltiplos lanches por dia. Também não faz sentido pedir a uma pessoa cujo jantar é uma refeição importante, pois está com a família, de pular essa refeição para fazer jejum prolongado.

O mais importante é entender que, no frigir dos ovos, o que emagrece é comer menos calorias (embora é claro que é importante se preocupar com a qualidade delas) e o que realmente é difícil é conseguir achar uma estratégia em que comer menos calorias não é sacrificante e inviável: buscar individualmente estratégias que dão mais saciedade!

Dr Bruno Halpern | Doutor em Endocrinologia – Faculdade de Medicina da USP / Vice-Presidente FLASO/Departamento Diabetes e Obesidade SBD – CRM-SP 124905/ RQE 55372

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